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[2011-08-27] Campeonato do Mundo de Orientação - Estafetas
Terminou o Campeonato do Mundo de Orientação de 2011 e foi um final de grandes emoções com as finais de estafetas.
Na estafeta feminina, tudo se decidiu no sprint final da última atleta de cada equipa. E como o desporto é fértil em mostrar, quem ontem falhou, hoje pode ser herói e vice-versa. A Suécia contava com medalhas de ouro em todas as provas individuais e à entrada para o sprint final da estafeta tinha a campeã do Mundo de Longa (Annika Billstam), a Rep. Checa contava com a vice-campeã do Mundo de Longa (Dana Brozkova) e a Finlândia contava com... a atleta que falhara o pódio na média quando era favorita e que não conseguira sequer encontrar o 1º ponto da distância longa (!!) tendo desistido. E quem levou a melhor naquele vigoroso sprint? Foi precisamente Minna Kauppi, que depois da desilusão individual deu à Finlândia a sua única medalha de ouro destes campeonatos, deixando a checa a 1 segundo e a sueca a 2 segundos. A Suécia continua assim a sua impressionante série de ir ao pódio em todas as edições do Mundial.
Na final masculina de estafetas começamos por regredir 3 anos para contar a história da Selecção Francesa nos últimos anos. Há quase dez anos que muitos consideram Thierry Gueorgiou o melhor do Mundo. E a uma Selecção que tem o melhor do Mundo espera-se sempre o melhor nas estafetas. Ainda para mais quando em 2005, a França foi vice-campeã. Estranhamente foi o próprio Thierry Gueorgiou o responsável pelas derrotas da França nos últimos 3 anos já com a vitória à vista.
Em 2008, quando Thierry Gueorgiou ia isolado em primeiro lugar, imaginem o espanto dos espectadores quando já antecipavam a vitória francesa e percebem que o francês não aparece. Não há notícias do francês que liderava a 3 pontos do final e começam a surgir na Arena atletas de outras selecções. Acidentalmente engoliu uma vespa, o que lhe provocou uma reacção alérgica e teve que ser levado ao hospital. E a vitória ficou surpreendentemente nas mãos da Grã-Bretanha (hoje apenas 15ª depois do 1º atleta inglês ter perdido mais de 10 minutos logo no 1º ponto).
Em 2009, num local onde os percursos se cruzavam e quando Thierry Gueorgiou ia a caminho de mais uma espectacular recuperação a compensar o tempo perdido pelos seus dois primeiros colegas, eis que surge o atleta sueco em sofrimento com uma fractura numa perna na frente dele, do norueguês Nordberg e do checo Smola. Numa das maiores demonstrações de altruismo e desportivismo da história da nossa modalidade, estes 3 atletas abdicaram das suas provas para ajudar o atleta sueco. E a vitória lá escapou mais uma vez aos franceses indo parar às mãos da Suíça.
Em 2010 Thierry Gueorgiou não desclassificou a estafeta francesa, mas esteve perto. Mais uma vez ia já embalado para a vitória e isolado na frente, mas Thierry saltou um ponto sem se aperceber... Ele não deu por isso, mas na Arena todos viram nas imagens ao vivo da floresta. E quando o francês surge na Arena a pensar que corria para a sua grande apoteose, eis que o público começa a gritar-lhe em uníssono para ele voltar para trás pois tinha-se esquecido de um ponto. Ele apercebeu-se do erro, voltou atrás, fez a 2ª parte do percurso todo outra vez e ainda acabou em 8º! Mas a vitória escapou-se novamente, desta vez para a Rússia.
E eis que chegamos ao momento chave da prova de 2011 quando temos 4 atletas a partir para o último percurso separados por apenas 6 segundos. E quem são eles: o próprio Thierry Gueorgiou, David Anderson pela Suécia, Olav Lundanes, o jovem norueguês que foi 3º ontem e 2º no nosso Meeting de Gouveia e o surpreendente representante italiano - e chamo-lhe assim, porque Mamleev é russo de nascimento e é naturalizado italiano. Com uma formidável prestação dos seus colegas, a Itália ia para o último percurso com o seu mais forte representante a lutar com outros 3 atletas pela vitória (e eventualmente por 1 de 3 lugares no pódio). Logo no arranque, uma saída impressionante de Thierry Gueorgiou, deixa os 3 adversários para trás só com Lundanes a seguir próximo do francês. Ao chegarem ao 1º ponto de controlo já o sueco e o italiano tinham descolado. A prova do italiano Mamleev viria a ser inacreditavelmente má, tal foi o peso da pressão deixada pela fantástica prestação dos seus colegas. Posteriormente perdeu o contacto com o sueco, perdeu imenso tempo mais à frente sendo ultrapassado pela Suíça e ainda foi apanhado pela estafeta russa, no momento em que, há passagem do ponto de espectadores, passa por um ponto sem o picar. Portanto, transformou uma final de sonho num pesadelo de desclassificação. A luta ficou apenas entre Thierry e Lundanes. Mas um pequeno erro de Lundanes logo no 4º ponto fez com que Thierry ganhasse perto de um minuto de avanço. Esse minuto manteve-se durante algum tempo com os espectadores na expectativa de ver algum deles a cometer alguma falha que pudesse comprometer as suas provas. E essa falha surgiu mesmo, mas foi o norueguês que perdeu quase 3 minutos a 3 pontos do final encontrando o ponto quando o atleta sueco e o suíço Daniel Hubbman já estavam quase a chegar ao ponto. E assim fechou o Mundial 2011 em apoteose para a Selecção Francesa e para o grande campeão Thierry Gueorgiou que depois de 2 medalhas de ouro individuais levou a França, juntamente com François Gonon e Phillipe Adamski à primeira vitória francesa nas estafetas. Lundanes conseguiu segurar o 2º lugar para a Noruega e a Suécia manteve o 3º.
Uma palavra final para a estafeta portuguesa que teve um brilhante início do Diogo Miguel que andou sempre na primeira metade da tabela tendo terminado em 19º (estavam 40 selecções presentes). Depois os colegas foram baixando com Tiago Leal a passar já em 23º e Paulo Franco a perder mais 3 lugares, terminando em 26º.
O próximo Campeonato do Mundo irá decorrer a poucos kms do local onde decorreu este, na Suíça.